Para quem acompanha de perto o segmento popularmente conhecido como forró eletrônico, ou "forró das antigas" para os mais saudosistas, O'hara Ravick já é um nome bastante familiar. Agora, ela desponta no cenário nacional em uma banda que furou a bolha do gênero e transita entre o mainstream. Em 2023, ela se juntou a Silvânia Aquino, Daniel Diau e Bell Oliver em uma das formações mais entrosadas da Calcinha Preta.
Pernambucana de Paulista, cidade localizada a cerca de 18 km da capital Recife, O'hara iniciou a carreira aos 13 anos em barzinhos. Como a grande maioria dos artistas do forró eletrônico, O'hara passou por diversas bandas. Ela, no entanto, carrega um feito único: foi vocalista de três dos maiores grupos da geração surgida nos anos 1990.
Antes de integrar o Calcinha Preta, O'hara cantou no Limão com Mel e na Banda Magníficos; faltou apenas o Mastruz com Leite para gabaritar a lista. "Eu tenho uma história muito linda que acho que até hoje ninguém trilhou. Eu queria que outras pessoas trilhassem porque é emocionante", conta O'hara nesta entrevista exclusiva ao Purepeople.
A relação com a Calcinha começa 20 anos antes da contratação. O'hara já era fã da banda desde os 11 anos, graças ao clássico DVD gravado em Salvador, o primeiro da famosa videografia dos sergipanos.
"Quando minha mãe comprou um aparelho, o primeiro DVD que rodou lá em casa foi o da Calcinha Preta. Eu assistia a tudo, lembro até das coreografias, das falas dos meninos. Estar hoje cantando na Calcinha nessa nova geração é muito gratificante, muito prazeroso, mas também tem muita responsabilidade", avalia.
O'hara recebeu o convite da Calcinha no momento mais difícil que o grupo atravessou. Paulinha Abelha, que faria aniversário nesta sexta-feira (16), já era falecida há um ano e a banda ainda não havia preenchido a vaga que ela deixou ao partir.
Coube a O'hara a difícil responsabilidade de preencher essa vaga sem ganhar olhares de substituta pelo público, o que, naturalmente, poderia criar uma rejeição. "Comparações são inevitáveis, mas eu entendo. Sempre deixo bem frisado que eu não vim pra tomar espaço de ninguém ou pra ficar no lugar de ninguém. O lugar de Paulinha estará sempre guardado, naquele pedestal que você deixa lá e ele vai sempre estar lá, intacto", destaca.
Foi com calma e o nítido respeito ao legado de Paulinha que ela conquistou os fãs da banda e da saudosa artista, que, hoje, a aplaudem quando ela entoa clássicos como "Sonho Lindo" e "Liga Pra Mim". O'hara também pegou para si a missão de perpetuar para as próximas gerações a história da musa do forró.
"A história de Paulinha nunca vai morrer, mas acho que precisamos contar essa história sempre. Estamos dando continuidade à Calcinha Preta também em respeito à história de Paulinha", pontuou.
O'hara e a Calcinha Preta viveram uma maratona intensa nos últimos meses. Foram 44 apresentações em junho e 26 em julho; em agosto, mês de férias para os artistas do forró eletrônico, a banda sergipana agendou "apenas" 10 shows.
"Eu gosto dessa correria, dessa rotina, dessa alegria de levar música pras pessoas. Emendamos quase 70 shows em dois meses, mas é muito gratificante. Graças a Deus, a Calcinha tá numa fase maravilhosa. Rodar o Brasil inteiro levando nossa musicalidade pras pessoas é incrível", celebra O'hara.
Foi nessa maratona de São João que O'hara se tornou um dos principais assuntos entre os forrozeiros. O motivo? Os looks especiais que ela preparou com destaque à cultura local das capitais do Nordeste.
Em Salvador, por exemplo, ela estampou pontos turísticos, como Pelourinho e o Mercado Modelo, no figurino; já em Maceió, encarnou uma sereia em referência à famosa praia da capital alagoana. Para conceber os looks, O'hara contou com o trabalho de Viktor Romão. De dançarino da Calcinha nos tempos áureos, hoje, ele é estilista e confecciona os figurinos dos cantores e bailarinos nas apresentações mais importantes.
"O Nordeste tem muita cultura, tem muita diversidade, muita musicalidade também, com muitas coisas bonitas e pontos turísticos incríveis", ela explica. "Fiquei muito feliz de as pessoas dizerem: 'caramba, Ohara, você foi uma das mais bem-vestidas do São João, você contou uma história'. E eu gosto de contar histórias", comemora.
Com a rotina, O'hara não consegue treinar, mas considera o palco um excelente "cardio". "Acredito que o palco seja treino, porque eu danço pra caramba, me exercito muito, pulo muito, suo pra caramba no palco. Acredito que já seja um exercício físico. Nessa maratona de shows, eu sempre emagreço um pouco, é natural, acho que acontece com quase todos os cantores", conta.
Para, então, conquistar o shape dos sonhos, O'hara recorreu à cirurgia queridinha de famosas como Gkay e Virgínia Fonseca, a lipo LAD ou lipo HD. Neste procedimento, são valorizadas regiões de transição das musculaturas de abdome, tórax, braços, coxas ou costas, com aspirações de gordura em camadas mais superficiais, o que oferece um aspecto mais tonificado à área tratada e garante um visual de barriga tanquinho.
"Foi uma cirurgia pouquíssimo invasiva e eu tô amando o resultado. Eu queria mostrar uma barriguinha, às vezes, usar um look que eu não poderia sem a lipo. Juntei essa lipo com a cirurgia de endometriose e deu tudo certo", comenta.
E para quem pensa que a Calcinha deve frear a agenda nos próximos meses, saiba que descanso não está nos planos da banda, carinhosamente chamada de "a mais gostosa do Brasil". Com a divulgação do DVD "Atemporal" e o festival homônimo que roda capitais em quatro regiões do Brasil, eles já têm um próximo projeto engatilhado. "Não posso contar agora, mas tem um projeto muito legal que eu acho que é muito a minha cara e a cara dos meninos também. Tem um pouco de tudo dessa minha geração, vou dar esse spoiler", adianta O'hara.
Ouça trechos exclusivos da entrevista com O'hara Ravick: